Ano Letivo 2011 – 2012
Escola Secundária de Santo André
Análise de Obras de Artistas e Obras de Arte do Renascimento
Disciplina: História e Cultura das Artes
Curso: Artes Visuais
Índice
Introdução – páginas 1 e 2
Contexto Histórico (primeira parte) – páginas 3, 4 e 5
Bibliografias (segunda parte) – páginas 6, 7 e 8
Análise das Obras de Arte – páginas 9 – 15
Conclusão – página 16
Bibliografia – página 17
Introdução:
Renascimento, o que é?
Entre os séculos XV e XVI, o Quattrocento e o Cinquecento, aconteceram profundas alterações à escala mundial, isto é, tudo mudou. Saía-se agora da Idade Média e entrava-se numa Idade de renovação, onde as mudanças eram constantes.
Iniciaram-se as descobertas marítimas, que alargaram o conhecimento mundial, pois até à época eram poucos os conhecimentos no que tocava à Geografia (conhecia-se a Europa, parte da Ásia e África, pouco mais).
Tendo isto em conta, o comércio deixa de ser praticado à escala regional, e passa a ser praticado a nível mundial, pois através de embarcações marítimas era possível transportar vários tipos de mercadorias, espalhando assim os produtos característicos de cada região e alargando a cultura geral e a produção, ou seja, fazem-se mudanças e renovam-se os hábitos culturais. As cidades adquirem então uma grande atividade e dinamismo que por sua vês começa a atrair pessoas de diferentes locais.
A ciência revoluciona-se e a arte sofre grandes alterações: inspirada nos modelos greco - romanos integra ao mesmo tempo a religião cristã e alarga-se na representação do homem.
Há grandes transformações e mudanças na igreja, por sua vez, que levam à criação que novos tipos de religião cristã.
Este período é então chamado de Renascimento, pelo facto de (como o próprio nome indica) ser o renascer da ciência, da arte, da religião e do pensar do Homem.
Começou em Itália e rapidamente, se espalhou pela Europa.
O seguinte trabalho surge no âmbito da disciplina de História e Cultura das Artes e tem como tema o Renascimento enquanto período histórico e artístico, a identificação de artistas importantes deste período, tanto como a análise de obras que criaram.
Mas o conhecimento de um período artístico implica, também, o conhecimento do contexto histórico que o determinou. Tendo então tudo isso em conta, o trabalho que se segue é constituído pelas seguintes partes:
• Na primeira parte, apresentarei a o contexto histórico, ou seja as mudanças ocorridas, acontecimentos e factos importantes a considerar;
• Na segunda parte, serão apresentadas breves biografias de três dos artistas mais importantes da época, aqueles cujas obras de arte e a prestação artística marcaram este importante período da história e da arte e, cujas obras serão objeto de análise;
• Na terceira parte serão então analisadas as obras de arte escolhidas.
o Na Arquitetura será analisada a Igreja de Santa Maria delle Grazie, da autoria de Bramante.
o Na Escultura será analisada o famoso conjunto escultural, a Pietá de Miguel Ângelo.
o Na pintura, será por fim tratada a obra de arte ‘’Primavera’’ de Sandro Botticelli.
Parte I- Contexto Histórico
O Renascimento pode ser essencialmente dividido em dois séculos:
O Quanttrocento (como o próprio nome indica, o ‘’quatrocentos’’ , que corresponde ao século XV) e o Cinquecento (que corresponde ao ‘’quinhentos’’, o século XVI).
No século XV, o centro do renascimento é Florença, sendo este movimento simbolizado através da Catedral de Santa Maria das Flores, e a família de Médicis, os principais mecenas.
No século XVI, o centro é sobretudo Roma, para onde se deslocam os artistas, o símbolo é a cúpula da catedral de São Pedro e o papa, o principal mecenas.
Mas Porque surge em Itália?
De facto não é por acaso que surge em Itália, há vários fatores que contribuem para o aparecimento deste movimento neste país, sendo os principais os seguintes:
-> Desenvolvimento industrial e grande atividade comercial, que contribuíram não só para um grande desenvolvimento económico, mas também para a troca de ideias;
-> Escolas prestigiadas como Bolonha e Pádua;
-> Príncipes, barqueiros e papas rivalizavam entre si, tentando demonstrar o mais possível a sua riqueza, praticando o mecenato;
-> O aparecimento de uma nova classe social - a burguesia comercial - que passava a difundir novos hábitos de consumo.
É nesta altura que se constrói o maior edifício Cristão alguma vez construído – A catedral de São Pedro.
Mas como foi então possível arranjar dinheiro para a mandar construir?
É nesta altura que o Papa lança a Lei das Indulgencias: ou seja, para que as pessoas ao se confessarem fossem absolvidas dos seus pecados teriam de pagar uma quantia à igreja consoante fosse a gravidade dos pecados cometidos.
Ora, isto causou revolta em algumas pessoas, principalmente a membros do clero, porque as pessoas do povo, pouco conhecimento tinham a cerca da religião, a não ser aquilo que aprendiam na igreja (que muitas vezes era pouco, devido às missas dadas em latim).
Foi então que Martinho Lutero publicou as 95 Teses contra as Indulgências e ao ser excomungado da Igreja Cristã iniciou um movimento de protesto, criando a Igreja Protestante.
A religião Cristã é divida em duas: a Católica e a Protestante.
Iniciam-se então dois movimentos de Reforma: A Reforma Protestante e a Contra Reforma
A Reforma Protestante é relativa à criação da Igreja Protestante, a Contra Reforma é um movimento de protesto (dentro da Igreja Católica) relativamente à criação da Igreja Protestante e de renovação dentro da própria igreja, criando a Devoccio Moderna.
A Devoccio Moderna era agora um novo tipo de religião baseado na espiritualidade.
Foi ainda nesta altura que se inventou a imprensa e o primeiro livro a ser impresso foi a Bíblia, nas diferentes línguas, isto de modo que, as pessoas a pudessem ler e interpretar sem depender do que o padre lhes dizia.
Características do Renascimento
A arte do Renascimento é sobretudo:
-> Tecnicista (isto porque para a realização das obras de arte, era necessária a realização de bastantes projetos, rascunhos e planos);
-> Classicista (isto porque era inspirada nos modelos clássicos gregos e romanos);
-> Intelectual (isto porque para a realização das obras de arte, era necessária bastante pesquisa e procura de conhecimentos).
Nasce também uma nova forma de ver o artista – este começa a ser equiparado ao cientista, começando então a ser tratado também como um intelectual.
Deixa de se apoiar o Teocentrismo (Deus no centro de tudo) e passa a apoiar-se o Antropocentrismo (O Homem no centro de tudo), começa a haver uma confiança nas capacidades do Homem e a passa a viver-se a vida em função de si mesmo, em vez de, em função de Deus e da Igreja.
Parte II - Biografias
Miguel Ângelo
Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni nasceu em Caprese no dia 6 de Março do ano de 1475 e faleceu em Roma, no dia 18 de Fevereiro de 1564.
Mais conhecido por Miguel Ângelo, foi um pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano Renascentista, considerado um dos maiores artistas da história da arte do ocidente.
Desenvolveu o seu trabalho artístico por mais de setenta anos entre Florença e Roma, onde viveram os seus grandes mecenas, a família de Médicis e vários papas romanos.
Iniciou-se como aprendiz dos irmãos Davide e Domenico em Florença e assim que o seu talento foi reconhecido, tornou-se um protegido dos Médicis, para quem realizou várias obras.
O seu estilo sintetizou várias influências da arte da Antiguidade clássica, especialmente dos ideais do Humanismo, centrado na representação da figura humana e em especial no nu masculino.
Na escultura destacam-se Baco, Pietá, David, e Moisés; na pintura o vasto ciclo do teto da Capela Sistina (também o Altar Mor) e relativamente à arquitetura serviu como arquiteto da Basílica de São Pedro, remodelou a praça do Capitólio Romano e projetou diversos edifícios.
Embora tenha escrito um grande número de poesias, não foi considerado um poeta de grande qualidade.
Botticelli
Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, mais conhecido por Sandro Botticelli nasceu em Florença no dia 1 de março do ano de 1445 e faleceu a 17 de maio de 1510.
Foi um célebre pintor italiano da Escola Florentina do Renascimento.
Na adolescência trabalhou na casa de um ourives, na oficina de Filippo Lippi , a quem teria ajudado nas decorações da Catedral de Prata.
Foi um protegido dos Médicis, para os quais executou várias pinturas, principalmente de temática mitológica. Trabalhou também para o Vaticano, produzindo frescos para a Capela Sistina.
Bramante
Donato di Angelo del Pasciuccio, conhecido como o Bramante, nasceu em Urbino no ano de 1444 e faleceu em Roma no dia 11 de Março de 1514 .
Este foi arquiteto na época do renascimento e foi considerado um dos melhores, relativamente ao seu período.
Alcançou a fama através do seu trabalho sobre Geometria e perspetiva, obra que alcançou grande influência na obra de Miguel Ângelo e Rafael.
Uma das obras que melhor reflete as suas conceções de estilo é a Basílica de São Pedro no Vaticano. De facto, esta foi projetada por Bramante, embora o projeto final seja da autoria de Miguel Ângelo.
Parte III - Análise das Obras de Arte
1- Arquitetura
A- Caraterísticas Gerais da Arquitetura do Renascimento
A arquitetura do renascimento é sobretudo :
-> Religiosa;
-> Civil (palácio com arcadas, janelas alinhadas na vertical e horizontal e ladeadas por colunas) ;
-> de Villa (refúgio do calor) ;
-> Urbana (a praça é o centro da cidade, e no centro da praça existe uma estátua equestre - Condottieri).
Esta inspirou-se nas obras greco-romanas, ou seja no classicismo.
Na arquitetura, este movimento de renovação artística foi levado a cabo por Brunelleschi que regressou às formas simples e lineares da arquitetura romana.
As Caraterísticas refletem-se na utilização de:
-> Arcos de volta perfeita, em substituição aos arcos em ogiva;
-> Pilares e colunas encimados de capitéis clássicos;
-> Abóbadas de berço;
-> Frontões nas janelas e portas;
-> Cúpulas em vez de abóbadas de cruzamento ogival.
A impressão geral que se colhe de um edifício renascentista é sobretudo a horizontalidade, a harmonia, simetria, equilíbrio e proporção.
B- Análise do Convento de Santa Maria delle Grazie
O Convento de Santa Maria delle Grazie , em portuguesa Santa Maria da Graça é uma igreja e convento dominicano situado em Milão, no norte de Itália, que está incluído na lista dos Patrimónios Mundiais pela UNESCO.
É essencialmente famosa pelo fresco contido no seu interior, a Ultima Ceia, de Leonardo Da Vinci.
O Convento foi concluído em 1469 e a igreja foi concluída em 1490.
A sua construção foi ordenada pelo Duque de Milão, Francesco Sforza e o principal arquiteto responsável pela sua construção foi Bramante.
Contém ainda algumas caraterísticas da arquitetura gótica, mas contém muitas mais caraterísticas renascentistas;
Contém um fresco de Ticiano, na capela Lateral, A Coroação de Espinhos;
É de grandes dimensões, como se pode confirmar pelas imagens que se irão seguir ;
Durante a segunda Guerra Mundial, com os bombardeamentos, algumas paredes foram atingidas e consecutivamente reconstruidas, mas a que melhor sobreviveu foi a parede onde está a obra de Leonardo da Vinci, que foi protegida com sacos de areia.
As Caraterísticas do Renascimento refletem-se neste edifício, pela:
1- Grande ideia de simetria, horizontalidade e proporção (ideia geral da visualização do edifício, principalmente de for visto de frente, pela entrada principal;
2- Utilização de arcos de volta perfeita;
3- A Utilização de telhado de duas águas;
4- Janelas alinhadas na horizontal e vertical;
5- Decoração Simplista, sem muitos detalhes.
6- A Utilização de pilares encimados por capitéis;
7- A Geometrização do Espaço.
2- Escultura
A- Caraterísticas da Escultura do Renascimento
§ A escultura do Renascimento distingue-se da escultura do gótico por deixar de ter a simples função ornamental da arquitetura e passa a valer por si mesma;
§ Voltou-se para a representação do nu da tradição grega atingindo grande perfeição anatómica, graças aos estudos realizados na época;
§ As estátuas equestres são retomadas da tradição romana e atingem um grande realismo, são representadas personagens da mitologia e bíblicas;
§ Os rostos são serenos e as figuras são baseadas nos cânones clássicos;
§ Há o predomínio das esculturas de vulto redondo;
§ Há um grande contributo não só da anatomia mas também da matemática e da geometria;
§ É nesta época que há o individualismo das obras, libertando os artistas de alguns condicionamentos do encomendador.
B – Análise da Obra Pietá, de Miguel Ângelo
A Pietá é a mais conhecida estátua de Miguel Ângelo, representa Maria com Jesus falecido nos braços.
Encontra-se na basílica de São Pedro, a suas dimensões são de 174 centímetros por 195 centímetros e é feita em mármore.
A Estátua foi encomendada por um cardeal francês, Jean Bilhères de Lagraulas em 1498 , com o objetivo de a colocar na antiga Basílica de São Pedro (capela dos Reis de França).
Na faixa que Maria tem ao peito, encontra-se a assinatura de Miguel Ângelo, isto por, nesta altura o artista tinha apenas 23 anos e duvidava-se que a estátua fosse verdadeiramente da sua autoria .
O tema é a dor de Maria sobre o corpo morto do filho, mas o artista abandonou o realismo típico do género em favor dos ideais clássicos usados na época.
Foi nesta obra que o artista encontrou a solução ideal para um problema que preocupara os escultores do Primeiro Renascimento: a colocação do Corpo de Jesus Cristo morto no colo de Maria e para isso Miguel Ângelo alterou as proporções: Cristo é menor que a Virgem, de modo a não “sair” do esquema triangular.
A Virgem Maria é representada muito jovem e com uma nobre resignação: a expressão dolorosa do rosto é idealizada, contrastando com a angústia que tradicionalmente os artistas lhe atribuíam, ou seja, a Virgem Maria é representada, mesmo num momento de angústia e tristeza, com uma expressão serena, o que indica a presença de uma grande influência grega.
O Conjunto das duas figuras sugere um esquema triangular, ou piramidal, ou seja, há a geometrização das figuras;
Há uma grande perfeição anatómica e realismo nas vestes e expressões faciais;
Na representação de Jesus podemos encontrar a representação do nu.
3- Pintura
1- Caraterísticas da Pintura Renascentista
‡ Na pintura Renascentista os progressos foram enormes no domínio das técnicas: deu-se início à pintura a óleo sobre tela que substitui a madeira;
‡ A Racionalidade está presente na distribuição das figuras e nos volumes das composições que obedecem a um esquema geométrico;
‡ Utilizando dimensões variadas, conforme a distância e o ângulo de visão do espetador (técnica de perspetiva), transmite a ideia de profundidade;
‡ Com a graduação de Cores conseguiu-se o efeito de luz e sombras – o Sfumato
‡ Os temas em geral são religiosos e mitológicos, mas surge também o retrato – reflexo do individualismo e do mecenato;
‡ É frequente a representação da natureza – o naturalismo.
B- Análise da Obra Primavera, de Botticelli
A Primavera, é uma obra de Sandro Botticelli , realizada em 1478,
É uma têmpera sobre madeira, e as suas dimensões são de 205 por 315 centímetros, é um dos quadros mais populares da arte ocidental. Foi encomendado por um membro da família de Médicis, segundo alguns vestígios poderá ter sido encomendada por Lourenço de Médicis.
É uma obra de temática mitológica clássica que nos apresenta a alegoria da chegada dessa mesma estação.
Segundo a tradição clássica, Vénus e o Cupido surgiam na primavera para fazer renascer os campos do inverno , iniciando a primavera ao semear flores, espalhando a beleza, a atração e o amor entre todos os seres.
À direita da obra encontramos três figuras. A primeira figura é Zéfiro, a personificação do vento oeste, que abraça a ninfa Clóris.
A terceira figura, a contar da direita para a esquerda, é a Flora, que como o próprio nome indica, espalhava as flores e a primavera.
Sobre a cabeça de Vénus está o Cupido, que é o seu filho, de olhos vendados, apontando a seta do amor em direção às três figuras que representam as Graças (Aglaia, Talia e Eufrósina), símbolos da sensualidade, da beleza e da castidade, que dançando entre si, representam não só ideais de beleza da época (Clássica e do Renascimento), mas também características da primavera e do que com ela vem.
Mais à esquerda encontra-se Hermes dissipando as nuvens, fechando esse ciclo mitológico. Para a filosofia platónica, esse ciclo é a ligação ininterrupta entre o mundo e Deus, e vice-versa.
A paisagem pastoral é elaborada e representa cerca de 500 espécies de plantas e cerca de 190 flores diferentes.
Podemos ainda encontrar o Contraste entre a Sexualidade (e Paixão) e a Pureza, nos mantos de Vénus (contraste entre o branco e o vermelho).
Durante a Realização desta obra, Botticelli recebeu orientações de Marsílio Ficino, principal representante da filosofia neoplatónica na época.
Se analisarmos bem esta obra podemos perceber que de facto, esta tem bastantes características da pintura do renascimento, caraterísticas essas as seguintes:
-> Representação da Natureza (o naturalismo);
-> A temática mitológica;
-> A expressão serena das personagens, que representam os ideais de beleza da época (Clássica e do Renascimento);
-> A organização das figuras, tanto como a geometrização do espaço. Se observarmos bem, por cima de Vénus, as árvores inclinam-se formando um arco de volta perfeita;
-> A predominância da harmonia e proporção na Obra.
Conclusão
Com a Realização deste trabalho , concluí que de facto depois de estudadas as características referentes a cada tipo de arte plástica (arquitetura, escultura e pintura) , podemos associar vários elementos das obras a essas mesmas características. Posso concluir também que aprendi um pouco mais sobre a vida de alguns dos artistas do Renascimento .
Bibliografia
Na Realização deste trabalho utilizei como meio de pesquisa os seguintes sites :
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